Um conto sobre a vó Alice! Como se fosse fácil escrever sobre um símbolo tão importante de nossa família. E pior ! Se a vó fosse uma pessoa ruim, aí sim seria fácil escrever sobre ela e o livro seria um "best seller". Mas não, a vó sempre foi uma pessoa caridosa, preocupada com os filhos, querendo sempre o melhor para eles e exigindo deles o esforço necessário para alcançar as grandes vitórias na vida. Enérgica, dinâmica e corajosa. Mas essas não são as minhas histórias. A minha história está associada à visão de neto que morava longe e que passava as férias de janeiro com os primos em Marília. E que férias! Das muitas histórias que vou poder contar para meus netos (peço a Deus esta dádiva), muitas delas se passaram na casa da vó Alice. Mas a vó não é só o símbolo de uma pessoa de garra, fé e coragem. Nunca me lembro de tê-la visto ficar irritada, magoada ou incomodada com a presença dos netos. Pelo contrário, sempre estivemos à vontade em sua casa e, se existia algum lugar onde nós, os pequenos, nos sentíamos respeitados e tratados como os grandes, esse lugar era a casa da vó. Ir para a casa da vó era sentir o aroma, o gosto e a suavidade da liberdade. Íamos dormir a hora que quiséssemos, passávamos a madrugada vendo televisão, sentávamos tarde para o almoço e a vó sempre adaptou seu horário ao nosso. Mas não pense que ficávamos arrogantes e que exigíamos esses privilégios dela. A vó para os netos sempre personificou a presença do amor incondicional e da segurança de termos, ao nosso lado, uma pessoa querida que nos ajudasse nos momentos de sofrimento e dor e que compartilhasse a nossa felicidade nos momentos de sucesso. Mas uma das histórias que minha mãe gostava de lembrar era a seguinte. Há "poucos" anos atrás, quando eu tinha 10 anos, a vó veio passar uns dias conosco em Ribeirão Preto. Meu pai e minha mãe tinham que ir a um jantar importante e queriam chamar uma babá para ficar conosco. A vó disse que não era preciso, que ela ficaria com a gente: eu com 10 anos, o Rodrigo com 8 e o Tôni com 6. Normalmente, tínhamos um horário fixo para ir dormir, mas sabíamos que a vó não nos impediria de ficar até mais tarde vendo tv. Dito e feito. Na infância, os filmes que a meninada mais gostava eram os de terror. E naquela noite tivemos a sorte de estar passando "O horror de Frankstein". Que eu saiba, a vó nunca gostou desse tipo de filme: o negócio dela sempre foi novela. Mas ela se dispôs a ficar conosco. Foi o pior negócio que fizemos: deixar a vó assistir ao filme com a gente. A cada susto que levávamos, a vó, que também se assustava, soltava uma grito "Ui" e caía na risada. E a gente nem conseguia curtir o susto porque já ria junto. Uma das imagens mais alegres que guardo daqueles tempos são as gargalhadas que a vó dava: eram simplesmente contagiantes. Pronto: acabou todo o terror do filme. Era o Frankestein ameaçar pegar alguém e já olhávamos pra vó e caíamos na risada. Sendo assim, a recomendação que faço é a seguinte: nunca chame a vó para assistir a um filme de terror, pois ela vai arruinar qualquer sentimento de medo que o filme possa passar; mas se você quiser passar momentos alegres que fornecerão luz e esperança nos momentos difíceis que nos aguardam em nossa existência, pois nem sempre tudo corre como gostaríamos, ela é a pessoa indicada.
José Luiz Pinheiro Melges (Joiz está ao centro; do seu lado esquerdo estão sua mulher e seu filho; e do lado direito estão o tio Zé e a Lia) - Neto da Alice, filho do José Luiz.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Ir para a casa da vó era sentir o aroma, o gosto e a suavidade da liberdade.
às quarta-feira, dezembro 05, 2007 Marcadores: José Luiz Pinheiro Melges (neto da Alice e filho do José Luiz e Lia)
Postado por IMERSÕES
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